O apelido “Maria” para os torcedores do Cruzeiro Esporte Clube é um tema recorrente no futebol mineiro, permeado por rivalidade, folclore e diferentes interpretações. A expressão, usada frequentemente de forma pejorativa por torcedores rivais, carrega consigo uma história que remonta a um clássico contra o Atlético Mineiro na década de 1970. Mas de onde surgiu essa história? Qual a sua veracidade? E por que o Cruzeiro tem o nome de Maria, se a origem do apelido está ligada a outro evento? Vamos explorar a fundo essa narrativa, separando o fato da ficção e entendendo o contexto histórico e social que moldou essa rivalidade.

Cruzeiro Jogando de Saia: A Verdade por Trás da História

A história central que alimenta o apelido “Maria” gira em torno de um clássico entre Cruzeiro e Atlético Mineiro em 1974. A lenda urbana conta que, durante a partida, alguns jogadores do Cruzeiro teriam se apresentado em campo vestindo saias, supostamente como uma forma de protesto ou desafio. Essa imagem caricata teria se fixado na memória dos torcedores atleticanos, que passaram a usar o termo “Maria” para se referir aos cruzeirenses, associando-os a uma imagem de fragilidade e falta de virilidade.

No entanto, é crucial ressaltar que não há evidências concretas que confirmem a veracidade dessa história. Fotos ou vídeos da época que comprovem o uso de saias pelos jogadores do Cruzeiro nunca foram encontrados. A história se perpetuou através do boca a boca e da rivalidade acirrada entre os clubes, ganhando contornos cada vez mais fantasiosos ao longo dos anos.

Apesar da falta de provas, a história do “Cruzeiro jogando de saia” se tornou um elemento fundamental da cultura do futebol mineiro, sendo constantemente utilizada em provocações e cantos de torcida. A Galoucura, principal torcida organizada do Atlético Mineiro, frequentemente utiliza o termo “Maria” e alusões à suposta fragilidade dos cruzeirenses em suas manifestações, reforçando a rivalidade e o folclore do clássico mineiro. A frase “Galoucura é o terror” é frequentemente associada a essas provocações, buscando intimidar os rivais e exaltar a força da torcida atleticana.

Por que o Cruzeiro tem o nome de Maria? A Origem do Nome e a Confusão

É importante esclarecer que o nome “Cruzeiro” não tem qualquer relação com o apelido “Maria”. A origem do nome do clube remonta à constelação do Cruzeiro do Sul, um símbolo nacional presente na bandeira do Brasil. O clube foi fundado em 1921 com o nome de Società Sportiva Palestra Italia, refletindo a forte influência da comunidade italiana em Belo Horizonte. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o clube foi obrigado a mudar de nome devido a um decreto do governo brasileiro que proibia o uso de nomes de países do Eixo. Foi então que o clube adotou o nome Cruzeiro Esporte Clube, em homenagem ao símbolo nacional.

Portanto, a associação do nome “Maria” ao Cruzeiro é puramente fruto da rivalidade e da história do “Cruzeiro jogando de saia”, não tendo nenhuma ligação com a origem ou significado do nome do clube. A confusão pode surgir da similaridade entre o apelido pejorativo e o nome feminino “Maria”, mas é fundamental entender que se trata de conceitos distintos e com origens completamente diferentes.

Quem são as Marias do futebol? A Percepção e o Debate

No contexto do futebol, o termo “Maria” é utilizado de forma pejorativa para se referir aos torcedores do Cruzeiro, geralmente com a intenção de diminuir sua masculinidade e força. A utilização do termo é amplamente criticada por muitos, que o consideram machista e homofóbico, reforçando estereótipos negativos sobre a masculinidade e a feminilidade.